SÍNDROME DO COMER NOTURNO

O ritmo circadiano do padrão alimentar do ser humano é realizado no período diurno. Na Síndrome do Comer Noturno (SCN) esse ritmo se encontra invertido e a grande parte da ingestão de alimentos ocorre durante a noite, sobretudo após às 20h. Consequentemente a qualidade do sono do indivíduo fica comprometida, assim como a qualidade de vida, já que o paciente desperta várias vezes durante o período noturno para se alimentar. O paciente acaba sendo domado pelo estresse, depressão, tristeza, falta de energia, aumento excessivo de peso, dificuldade de perder peso e baixa autoestima

Essa síndrome se diferencia de demais transtornos, como por exemplo a bulimia ou o transtorno de compulsão alimentar periódica, visto que não ocorre medida compensatória e/ou consumo exagerados de comida na maioria dos casos. Além disso, a bulimia e a compulsão periódica não apresentam padrão de horário da ingestão de alimentos, já na SCN grande parte da ingestão alimentar diária ocorre a noite e de madrugada.

Essa doença incide em aproximadamente 2% da população, sendo prevalente no sobrepeso e na obesidade. Em obesos o transtorno aparece em cerca de 20% a 30% dos pacientes e na obesidade mórbida, a prevalência aumenta, de 30% a 50%. Outro ponto salientado pelas evidências científicas é que alguns pacientes apresentavam o peso adequado antes do desencadeamento desse transtorno.

Características gerais da doença: 1-Pular o café da manhã, podendo se alimentar apenas muitas horas depois de acordar; Sentir pouca fome durante o dia; 2-Consumir mais de 50% de sua dieta depois das 20h; 3-Dificuldade para dormir e não ter um sono sem interrupções; 4-Falar durante o sono; 5-Comer no período noturno mesmo sem sentir fome; 6-Sensação de que precisa comer antes de dormir para conseguir dormir bem ou que ao acordar a noite precisa comer para conseguir voltar a dormir; 7-Ter dificuldade de perder peso; 8-Não se lembrar dos alimentos que foram ingeridos ao despertar.

O SCN ainda é pouco estudada e infelizmente as evidências científicas são inconclusivas quanto as possíveis causas. Sabe-se apenas que esses pacientes usam a comida como forma de “recompensa” para aliviar as tensões emocionais e os sintomas psicológicos.

O tratamento é individualizado, apresentando metas específicas de acordo com o quadro clínico, a gravidade e a história da doença.. Vale lembrar que o acolhimento/cuidado do paciente deve ser realizado por uma equipe interdisciplinar (psiquiatra, o psicólogo e o nutricionista). Familiares e amigos também podem ficar de olho nos sinais, como aumento de peso, levantar com frequência à noite, sumiço de alguns alimentos da geladeira durante a noite e etc.

 

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Tatiana Palotta Minari – CRN 50.979
*Nutricionista formada pela Universidade Federal de São Paulo/ UNIFESP.
*Mestrado em Psicologia e Saúde com ênfase em Transtornos Alimentares pela FAMERP.
*Pós-graduação em Nutrição e Suplementação esportiva: da Bioquímica e Fisiologia à Prática pela FAMERP.
*Atendimentos: 1- Clínica Estética e Nutrição; 2- Pelle Medical Center.
*Consultora de Controle de Qualidade e Segurança Alimentar para Restaurantes.

Instagram: @tatiminari_nutririopreto 
Facebook: @NutriRioPretoTatiMinari

 

REFERÊNCIAS

ADAMI, Gian Franco. Feeding Behavior and Body Mass Index. Handbook of Behavior, Food and Nutrition. Springer New York, p. 891-910. 2011.

ARLINGTON, V. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-V). In (5 ed.): American Psychiatric Association, 329-354, 2013.

GLUCK, Marci E.; GELIEBTER, Allan; SATOV, Tracy. Night Eating Syndrome Is Associated with Depression, Low Self‐Esteem, Reduced Daytime Hunger, and Less Weight Loss in Obese Outpatients. Obesity research, v. 9, n. 4, p. 264-267, 2001.

HARB, Ana Beatriz Cauduro et al. Síndrome do comer noturno: aspectos conceituais, epidemiológicos, diagnósticos e terapêuticos. Revista de nutrição= Brazilian journal of nutrition. Vol. 23, n. 1, p. 127-136, 2010.

O’REARDON, John P.; PESHEK, Andrew; ALLISON, Kelly C. Night Eating Syndrome. CNS drugs, v. 19, n. 12, p. 997-1008, 2005.

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